O ano era 2022, o investimento em tecnologia desceu a ladeira em 35%, acompanhado por um custo de capital nas alturas. Investidores e empresas sentiam o momento de apertar os cintos e assegurar investimentos em ativos mais tradicionais, que os protegessem dos altos juros impostos pelos bancos centrais.

Nesse cenário surgiu o primeiro produto de IA Generativa popular da história: o ChatGPT, que teve sua estreia em nov/2022 e, em um mês, já contava com 266 milhões de usuários.

Em 2025 o cenário já é bem diferente e 70% dos executivos já encara IA como investimento para criar uma vantagem competitiva no seu mercado, de acordo com a KPMG.

Analisar as tendências de tecnologia é um importante exercício para evitar desperdícios em um mercado cada vez mais eficiente, mas também um posicionamento competitivo. Em relação à IA Generativa, provavelmente a maior revolução do trabalho que veremos em nossas vidas, isso não é apenas um exercício, mas sim uma vantagem que diferencia empresas dos seus concorrentes.

Hoje, trago para vocês 4 use cases de GenAI que devem ganhar muito espaço em 2025 e 1 específico que não deu certo em 2024 e deve perder terreno nessa tecnologia.

1 - GenAI no Suporte ao Cliente e Colaboradores

Atendimento 24/7 sempre foi um dos maiores desafios do mercado, demandando times dedicados e alto custo para tercerização deste contato humano. Felizmente a IA Generativa tem se mostrado uma grande aliada nessa tarefa, não apenas na realização do suporte, como também na classificação de sentimentos dos clientes e triagem de dúvidas mais importantes ou frequentes.

Esse cenário se concretizou com 83% dos líderes de CX relatando um ROI positivo após adoção de GenAI e redução de 35% do tempo de atendimento, de acordo com estudo da Bain & Company.

No Brasil, o grande destaque fica para a mineira Blip, que recebeu investimento de US$ 60 milhões na sua Series C, com participação da Microsoft. Para 2025, a perspectiva da Gartner é que 85% dos líderes destas áreas utilizem GenAI, trazendo gestores mais conservadores na adoção.

2 - A Ascensão dos Agentes Autônomos de IA

Se 2024 foi o ano da experimentação, 2025 será o ano da consolidação dos agentes autônomos de IA. Esses agentes, programados para executar tarefas complexas de forma independente, prometem revolucionar áreas como vendas, recrutamento e gestão de projetos.

Diferente do ChatGPT onde você pergunta e a IA genérica responde, um sistema de agentes é treinado especificamente e consegue desenvolver aquela tarefa com outras IA's e tomar ações pré-programadas.

Em um exemplo prático em vendas: Imagine um time de agentes IA com um agente que pesquisa leads, outro agente para trazer dados relevantes desses potenciais clientes, outro que auxilie na criação de pitchs específicos e outro para criar contratos iniciais, otimizando o tempo de líderes e equipes.

Outro ponto relevante, é que esses sistemas de agentes autônomos estão disponíveis para pessoas sem habilidades técnicas de computação em formatos no-code ou low-code, isto é, você não precisa saber programar para criar esse tipo de automação, tornando cada vez mais acessível a IA generativa.

É por isso que empresas que estão criando essa infraestrutura mais acessível está se beneficiando, com destaque para a CrewAI, que assegurou US$ 18 Milhões de investimento em Series A.

Quebrar missões complexas em tarefas específicas menores é uma das chaves para o bom uso de IA Generativa. Ao fazer esse exercício, temos uma ótima visão de um sistema de agentes com IA, entretanto é importante pontuar que um sistema de agentes funcionará melhor com a colaboração de um especialista no tema, na interação homem + máquina que defendemos.

3 - Análise de Dados com Inteligência Artificial

A análise de dados no século XXI se confunde com a história da Inteligência Artificial. Em 2025, o desafio será da democratização de ferramentas avançadas de IA como modelos de previsão, segmentação e prescrição. Isso permitirá que empresas gerem insights em tempo real, cruzando milhares de variáveis com pouca ou nenhuma intervenção humana.

O impacto direto será em decisões de mercado mais embasadas, segmentações precisas e uma melhor alocação de recursos. De acordo com estudos recentes, 65% das empresas planejam intensificar o uso de IA em análise de dados nos próximos dois anos.

De concreto, temos casos de varejistas que aumentaram 24% da margem bruta utilizando seus próprios dados para otimização de seus preços. Outro caso interessante foi da Nestlé, que através do uso de uma ferramenta de IA, analisou seus dados de estoque e reduziu a ruptura em 35%, garantindo a satisfação do seu cliente.

Hoje, a Maloka se posiciona nesse segmento de análise de dados com IA, focando no público varejista pequeno e médio. Acreditamos que esses clientes possuem muita oportunidade nos seus próprios dados e estamos os ajudando a capturar esse valor.

4 - Escrever Código com GenAI

Escrevi há alguns dias sobre o use case do Nubank na geração de código, que reduziu em 20 vezes os custos de tecnologia nesse projeto. Sem dúvida que esse use case é um dos mais maduros na Inteligência Artificial nos dias de hoje.

A automação no desenvolvimento de software é um dos destaques da GenAI. Ferramentas como GitHub Copilot já mostraram como a IA pode auxiliar desenvolvedores, reduzindo o tempo de produção de códigos e minimizando erros.

Em 2025, a dica que fica para as empresas é: Construa tecnologia com menos recursos! Hoje com auxílio dessas ferramentas é possível que pessoas com baixa senioridade técnica consigam construir sites e até pequenas aplicações sem a supervisão de um especialista. Significa que você pode contratar um estagiário esperto e louco para usar IA que te ajude a resolver problemas menos complexos que sua empresa enfrenta há anos e essa tendência só tende a avançar.

Além dos grandes players que estão trabalhando no auxílio de geração de código (Google, Microsoft e Amazon), também temos novas startups especializadas nesse segmento como a Cognition, desenvolvedora do Devin, que foi fundada em Novembro de 2023 e em Abril de 2024 se tornou um unicórnio, recebendo um aporte de US$175 milhões, chegando ao valor de mercado de US$ 2 bilhões.

Reflita: Se o mercado está apostando forte nesse uso de IA, por que você não deveria?

Flop - GenAI criando conteúdo de Marketing

Se vemos mais imagens e vídeos sendo criados por IA, incluindo o vídeo de fim de ano da Coca-cola, por que podemos considerar a geração de conteúdo como um fracasso?

Marketing é conexão, e os modelos atuais (ainda) não conseguem passar a emoção humana e se conectar com nossos clientes. O conteúdo humanizado, as histórias da vida real, a imagem de uma personalidade verdadeira, continuam nos conectando mais do que as criações da IA Generativa e esse artigo é prova disso: feito 100% com minha linguagem.

Pense as grandes campanhas de Marketing de 2024: Qual foi protagonizada por IA? Começando pelo Marketing Político em ano eleitoral, o fenômeno Pablo Marçal produziu conteúdo bem real, lembram-se da cadeirada?

O Itaú não criou nenhum personagem em IA para representar seu centenário, mas sim apostou em figuras emblemáticas do nosso país, como Jorge Ben, Ronaldo e Fernanda Montenegro. Aliás, não foi um holograma de uma IA que se apresentou em Copacabana em 2024 e sim uma Madonna de carne e osso.

E no ramo do Varejo alimentício, fez sucesso a campanha e promoção do Burguer King para os calvos, com direito a Whopper de graça no drive thru, experiência real para pessoas reais.

É claro que tudo isso pode mudar com o avanço da tecnologia e a própria popularização de avatares virtuais.

No momento, não vejo como uma boa hora para investir na criação de conteúdo ponta a ponta com GenAI, vamos aguardar o movimento dos grandes players, parece que de lá sairão bons casos de estudo.

Análises não exaustiva de uma área em plena expansão

Este é um campo em constante evolução, e essas tendências representam apenas um recorte do que estamos observando no mercado. O importante é manter-se atualizado e experimentar de forma estratégica, sempre pensando no valor real que a IA pode trazer para seu negócio.